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IBGE prevê IPCA acima do teto da meta em junho
Altas das tarifas de ônibus, trem, água e esgoto em algumas cidades vão influenciar índice do mês
RIO - A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços
Consumidor Amplo (IPCA) tende a ultrapassar em junho o teto da meta do
governo, de 6,50%, no acumulado em 12 meses. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), neste mês, há uma série de
altas de preços administrados e questões metodológicas que permitem
prever uma alta relevante na inflação de junho.
Para a formação do IPCA em 12 meses, o instituto irá desconsiderar
uma alta de 0,08% relativa a junho de 2012 para utilizar outra maior, de
0,43% relativa a julho. Entre os preços administrados, o índice de
inflação deste mês sofrerá influência das altas das tarifas de ônibus
urbano no Rio de Janeiro (7,27%), e em São Paulo (6,75%); da água e
esgoto em Belo Horizonte (5,25%) e Fortaleza (8,51%); e do trem em São
Paulo (6,75).
O IPCA de maio ficou em 0,37% em maio ante 0,55% em abril. Em abril,
ele já havia ficado praticamente no teto da meta do governo, em 6,49%.
Na divulgação, o IBGE destacou o comportamento dos alimentos e
bebidas, "que apresentou forte desaceleração ao passar de 0,96% em abril
para 0,31% em maio, trazendo o impacto para o índice de 0,24 para 0,08
ponto porcentual, respectivamente". O grupo, porém, na avaliação de
especialistas teve impacto sazonal e nos próximos meses pode voltar a
pressionar a inflação.
Mesmo com a desaceleração de maio, a dinâmica inflacionária não é das
melhores. Ao excluir dos cálculos os preços dos alimentos, o índice de
difusão de maio (que representa o porcentual de preços de itens em alta
do IPCA) teria uma taxa de 67,60%, frente a um aumento de 67,10%
anteriormente, de acordo com o Besi Brasil.
"Acreditamos que será um movimento temporário e o IPCA tende a
acelerar daqui para frente, voltando para 0,50% no quarto trimestre. Não
acreditamos em melhora consistente da dinâmica da inflação no médio
prazo", avaliaram o economista-sênior do banco, Flávio, Serrano, e o
economista-chefe, Jankiel Santos, em relatório.
De acordo com os economistas, mesmo considerando a avaliação mais
"hawkish" (conservadora) do Banco Central, o governo já sinalizou a
intenção de manter a expansão de gastos correntes, na tentativa de
impulsionar o crescimento econômico, o que também tende a elevar a
inflação, segundo eles.
"Recentemente, elevamos nossa projeção de fim de ano para a taxa
básica de juros para 8,75%, mas o ajuste da política monetária não seria
suficiente para trazer a inflação para 4,5% (centro da meta) em um
futuro próximo. Prevemos 6,0% em 2013 e 5,7% em 2014 para o IPCA",
estimaram.
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