Leiam no Estadão:
S&P revê nota do Brasil diante de PIB fraco e gastos elevados
Agência colocou rating do País em perspectiva negativa e disse que pode rebaixá-lo nos próximos dois anos
SÃO PAULO - A agência de classificação de risco Standard & Poor's
rebaixou a perspectiva do rating de longo prazo em moeda estrangeira
BBB do Brasil para negativa. A perspectiva do rating de longo prazo em
moeda local A- também foi rebaixada para negativa, de estável. A agência
justificou o rebaixamento diante do crescimento fraco do País, do
‘investimento declinante do setor privado’ e da deterioração da política
fiscal do governo.
O analista de crédito Sebastian Briozzo diz que "o Brasil
provavelmente terá seu terceiro ano de crescimento econômico modesto,
com o PIB devendo expandir-se em apenas 2,5% em 2013, depois de crescer
2,7% em 2011 e 0,9% em 2012. O crescimento fraco reflete um desempenho
modesto das exportações, assim como um investimento declinante do setor
privado, resultante em parte de sinais ambíguos de políticas do governo,
que reduziram a confiança do investidor". A S&P também afirma que o
consumo menor das famílias também pesa sobre as perspectivas de
crescimento do País. "O crescimento lento contribuiu para um modesto
enfraquecimento no perfil financeiro soberano, incluindo a deterioração
do desempenho fiscal e uma elevação na carga de dívida do governo".
Segundo ele, "os ratings também incorporam a dívida governamental e
as necessidades de refinanciamento relativamente grandes". A agência
acrescenta que os ratings refletem a demanda substancial do país por
investimentos para melhorar sua infraestrutura física, assim como
impedimentos estruturais que contribuem para um nível de investimentos
baixo de uma maneira geral como parcela do PIB (pouco mais de 18% em
2012) e restringem o potencial de crescimento do PIB.
De acordo com a S&P, "a perspectiva negativa reflete a
probabilidade de pelo menos uma em três de que uma elevação da carga de
dívida do governo e uma erosão da estabilidade macroeconômica possa
levar a um rebaixamento do rating do Brasil ao longo dos próximos dois
anos".
O comunicado ainda cita que "a continuidade de um crescimento
econômico lento, fundamentos fiscais e externos mais fracos e alguma
perda de credibilidade da política econômica, tento em vista sinais
ambíguos de políticas, poderiam diminuir a capacidade do Brasil de gerir
um choque externo. Demoras na implementação de políticas para fomentar o
investimento privado, especialmente em infraestrutura, poderiam
contribuir para um crescimento fraco do PIB neste ano e no próximo,
deste modo elevando o risco de um tropeço fiscal maior e resultando em
uma elevação na carga de dívida do governo. Nesse cenário, a relação
entre a dívida liquida do governo e o PIB poderá subir nos próximos dois
a três anos. Além disso, uma elevação substancial no crédito por parte
dos bancos controlados pelo governo para estimular a demanda doméstica
poderia apresentar problemas de qualidade de ativos para o sistema
financeiro, especialmente em meio a um crescimento do PIB continuamente
fraco".
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