As pesquisas
eleitorais continuam registrando a mudança de patamar para baixo dos
índices de popularidade da presidente Dilma, aparentemente tendo como
piso a média de 30% do eleitorado, que representa o eleitor cativo do
PT.
Antes de ampliar sua base eleitoral fazendo acordos políticos e
transformando-se no personagem “Lulinha Paz e Amor”, criado pelo
marqueteiro Duda Mendonça, o ex-presidente Lula também atingia sempre
essa faixa do eleitorado, e não conseguia vencer uma eleição.
Como
era de se esperar, a mais recente pesquisa feita pelo Ibope já mostra a
presidente empatando com um de seus adversários num hipotético segundo
turno. Marina Silva, atuando a esta altura mais na sua vertente
alternativa do que na de política profissional, tem recebido o apoio dos
eleitores insatisfeitos de classes média e alta, surgindo como a
escolha das ruas neste momento que parece prenunciar uma troca de guarda
na política nacional.
Poderia Marina com sua Rede de
Sustentabilidade repetir o fenômeno Collor de 1989, que venceu a eleição
presidencial a bordo de um partido nanico, o PRN? O mesmo fenômeno pode
acontecer agora, mas as razões, embora semelhantes, serão diferentes.
Collor
montou sua farsa eleitoral de posse do mandato de governador de
Alagoas, isto é, trabalhando dentro da estrutura política tradicional.
E, nos bastidores, fez todos os acordos possíveis com os políticos
tradicionais que combatia nos programas eleitorais.
Os eleitores
estavam engajados em uma eleição presidencial que tinha diversos
candidatos, muitos deles competitivos e representando tendências
políticas variadas. Embora a maioria do eleitorado tenha escolhido
Collor por ele representar a renovação da política fora da esquerda,
havia um eleitorado forte de esquerda que apoiou Brizola e Lula.
Desta
vez, Marina se destaca não por ser a renovação da política, mas por
representar a candidata da não política. E não há no seu histórico
nenhuma indicação que nos leve a imaginar Marina fazendo acordos por
baixo dos panos com políticas tradicionais, mesmo que tenha uma longa
convivência com o PT.
Se vencer, Marina terá sido eleita por que a
maioria do eleitorado quer uma experiência extrema de não política
tradicional no poder. Hoje, Marina é a candidata das ruas, enquanto o
presidente do PSDB, Aécio Neves, é o dos políticos, diz-se em Brasília.
Essa
definição pode afetar a receptividade de Aécio num eleitorado que
rejeita a política tradicional, mas, por enquanto, o que ele tem de mais
eficiente são as negociações de bastidores para montar sua base de
apoio.
Como já disse o próprio presidente do PT, Rui Falcão, hoje
não se sabe mais quais partidos apoiarão a presidente Dilma em 2014. A
base aliada não abandona o barco por enquanto, mas vai medindo o nível
da água que vai subindo para ver qual a melhor hora de saltar para outra
candidatura.
A de Aécio é a preferida entre os principais
apoiadores de Dilma, até mesmo do PMDB. PP, PTB, PDT são partidos que
negociam por baixo dos panos com o PSDB de Aécio, e existem outros que
aguardam momentos mais oportunos, como o PSD de Kassab, que volta a
namorar o ex-governador tucano José Serra para o caso de uma troca
partidária que viabilize sua candidatura a presidente pela terceira vez.
Por
mais que Marina desponte como a maior beneficiária dessa crise de
legitimidade que assola nossa política, seu partido não terá nem tempo
de televisão nem capilaridade nacional para se impor num jogo político
ainda realizado pelos moldes tradicionais.
A estrutura partidária
do PSDB costuma canalizar para seus candidatos os votos oposicionistas,
razão pela qual Aécio Neves continua sendo o candidato mais forte na
avaliação do próprio Palácio do Planalto.
A questão agora é saber
se o voluntarismo das ruas será tão forte para levar Marina para um
segundo turno, ou se Aécio Neves conseguirá, levado por um esquema
partidário tradicional, convencer os eleitores de Marina de que ele é um
político tradicional disposto à renovação ouvindo a voz das ruas.
Até
o momento, Dilma está segura num segundo turno, o que deve ser
suficiente para refrear o movimento de “Volta Lula” dentro do PT. Mas,
além da economia, vai ser decisiva a capacidade da presidente de fazer
política com seu partido e sua base aliada. Nada indica, porém, que ela
seja capaz da reviravolta necessária na política, muito menos na
economia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário