Se isto vier a acontecer, até nunca mais, Dilma! Conhecendo um pouco o histórico do PMDB, ainda éum pouco improvável. Nada que alguns ministérios não resolvam. Mas ainda que o mais importante - o tempo de TV peemedebista - fique com o PT, está evidente que nos estados a coisa será bem diferente, com os diretórios agindo de forma dispersa. Alguns fatores que podem colaborar para a debandada não devem ser ignorados, como a brusca piora do quadro econômico e a situação embaraçosa e humilhante a que os presidentes da Câmara e do Senado são expostos pela enxurrada de Medidas Provisórias do Planalto. Nos estados, o apetite hegemônico característico do PT só tende a agravar a relação, como já ficou bem evidente no caso do Rio de Janeiro.
O PMDB que crie vergonha na cara, pelo menos em memória de seu passado democrático. Que deixe de ser uma legenda que diz amém para o tudo o que vem do Governo. O fim da aliança com o PT seria o maior bem que este partido poderia fazer ao país. Que tal jogarmos um pouco de gasolina sobre este incêndio?
Leiam no blog do Josias de Souza:
Cresce no PMDB a aversão à aliança com Dilma
Gente que conhece o PMDB por dentro e sabe fazer contas acha que
Dilma Rousseff pode ter uma surpresa em 2014. Avalia-se que, com seu
estilo, a presidente produziu no PMDB devastação semelhante à produzida
pelo tornado que varreu há uma semana a região metropolitana de Oklahoma
City, nos EUA.
Em conversa com o repórter Jorge Bastos Moreno,
Dilma tratou como favas contadas a renovação da aliança PT-PMDB. “É
matéria vencida”, disse. Não é bem assim. Um amigo do vice-presidente
Michel Temer, membro da Executiva nacional do PMDB, afirma: se a decisão
tivesse de ser tomada hoje, a aliança correria riscos.
A
convenção que decidirá o destino do PMDB federal tem 523 delegados.
Alguns votam mais de uma vez. A maior delegação vem do Rio: 51
delegados, com direito a 74 votos. Desafiado pelo PT no Estado, o
governador Sérgio Cabral ameaça retaliar no plano nacional.
A
segunda maior delegação virá de Minas: 41 convencionais, com 62 votos.
Ao nomear o deputado Toninho Andrade para a pasta da Agricultura, Dilma
imaginou que havia pacificado o PMDB mineiro. Ao atrair 199 assinaturas
para um pedido de CPI da Petrobras, o deputado Leonardo Quintão desfez a
ilusão.
Candidato do PMDB a prefeito de Belo Horizonte em 2012,
Quintão abriu mão da postulação para que o partido pudesse apoiar, a
pedido de Dilma, o PT de Patrus Ananias. O deputado imaginou-se credor
de um ministério. Não levou.
Para complicar, a presidente da
Petrobras, Graça Foster, desalojou da diretoria Internacional da estatal
Jorge Zelada, um apadrinhado do PMDB de Minas. O partido imaginou que
indicaria o substituto. Com o respaldo de Dilma, Graça preferiu cuidar,
ela própria, da área internacional, que passou a acumular com a
presidência.
Dono da terceira maior delegacão de convencionais –35
delegados, com 54 votos— o PMDB do Ceará é comandado pelo líder do
partido no Senado, Eunício Oliveira. Candidato ao governo do Estado,
Eunício está às turras com o PT cearense. Em privado, prevê que a
realidade local contagiará a cena nacional.
O Paraná tem 37
convencionais, dois a mais do que o Ceará. Porém, tomada pela quantidade
de votos (47), a delegação paranaense está na quarta posição. Nesse
Estado, o PMDB está dividido basicamente em dois grupos. Um gravita na
órbita do governo tucano de Beto Richa. Outro, comandado pelo senador
Roberto Requião, torce o nariz para a ministra petista Gleisi Hoffmann
(Casa Civil), candidata de Dilma ao governo do Paraná.
Com 32
delegados e 44 votos, a delegação de Santa Catarina é a quinta maior.
Sob influência do ex-governador Luiz Henrique, hoje senador, o PMDB
catarinense apoiou a candidatura presidencial de José Serra em 2010. A
aliança PT-PMDB enfrenta dificuldades em pelo menos outras cinco praças:
Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Em
2010, ao acomodar Temer no gabinete de vice, o PMDB imaginou que seria
alçado ao Nirvana – como os monges budistas chamam o estado de
libertação do sofrimento. Dissemina-se no partido a impressão de que
ocorreu o oposto. Na definição de um dos deputados mais influentes na
bancada, “Temer tornou-se um representante do governo no PMDB, não um
homem do PMDB no governo.”
Dito de outro modo: Temer traz para o
partido as demandas do governo. Porém, na visão das bancadas, Temer não
leva para o governo os pedidos do partido. No Planalto, demoniza-se o
líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). Ignora-se, porém, uma
evidência: o poder do desafeto de Dilma cresce na proporção direta do
aumento da insatisfação da bancada que ele lidera.
Em suas
conversas privadas Temer costuma perguntar aos peemedebistas que torcem o
nariz para a renovação da aliança com Dilma: Qual é a alternativa? O
caldo só não entornou por que a questão ainda não foi respondida. Vários
diretórios estaduais do PMDB consideram a hipótese de abrir seus
palaques para Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB).
Isso já é
muito ruim para Dilma. Mas ficará muito pior se o azedume crescer a
ponto de ameaçar a entrega do tempo de propaganda do PMDB no rádio e na
tevê para a campanha reeleitoral da presidente petista.
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