segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Neoliberalismo revolucionário: Cuba adere ao Consenso de Washington

No G1:

Cuba vai cortar 500 mil empregos públicos até o 1º trimestre de 2011
Número representa 20% dos trabalhadores do Estado.
Governo promete criar outras alternativas de emprego para os demitidos.


O presidente cubano, Raul Castro, durante Assembléia Nacional neste domingo (1º), em Havana
O presidente cubano, Raul Castro, durante
Assembléia Nacional em Havana (Foto: Desmond
Boylan / Reuters)

Cuba vai eliminar mais de meio milhão de empregos até o primeiro trimestre de 2011, numa tentativa de elevar a produtividade e tornar sua economia mais eficiente, anunciou nesta segunda-feira (13) o sindicato único de trabalhadores, em uma das mudanças de rumo mais importantes decidida pelo governo em décadas.

O presidente cubano, Raúl Castro, já havia anunciado em abril um plano que prevê a demissão de mais de 1 milhão de funcionários públicos nos próximos cinco anos, como parte de suas reformas moderadas para melhorar a produtividade do trabalho e elevar a qualidade dos serviços.

"Dentro do processo de modernização do modelo econômico e das previsões da economia para o período de 2011-2015, está prevista a redução de mais de 500 mil trabalhadores do setor estatal", disse a Central de Trabalhadores de Cuba. "O calendário para a execução do plano foi traçado pelos organismos e empresas até o primeiro trimestre de 2011", acrescentou a central, em texto publicado pela imprensa local.

Trabalhadores consertam calçados na sapataria estatal 'La Habanera', em Havana, nesta segunda-feira (13).Trabalhadores consertam calçados na sapataria estatal 'La Habanera', em Havana, nesta segunda-feira (13). (Foto: AP)

Realocação
O Estado é o maior empregador em Cuba, e a decisão de eliminar 20% de sua força de trabalho deixa muitos trabalhadores na incerteza em relação a seu futuro.

O governo assegurou que ninguém ficará desamparado e ofereceu recolocar os funcionários excedentes em outros setores que historicamente são deficitários de mão-de-obra no país, como a agricultura, a construção, a educação e a polícia, entre outros.

"Nosso Estado não pode nem deve continuar a manter empresas, entidades produtivas, com orçamentos inflados e prejuízos que prejudicam a economia", assinalou o documento.

Segundo o texto, a Central de Trabalhadores disse que foram anunciadas várias medidas que abrangem desde eliminar o estudo como forma de emprego e a aposentadoria antecipada até a modificação dos salários dos trabalhadores excedentes.

Mesmo assim, para absorver os futuros desempregados, serão criadas outras alternativas de emprego, como "o arrendamento, o usufruto, as cooperativas e o trabalho por conta própria, para onde vão se deslocar centenas de milhares de trabalhadores nos próximos anos", segundo o documento.

Reformas
Raúl Castro, que substituiu seu irmão Fidel na presidência há mais de dois anos, vem se concentrando na economia como seu principal campo de batalha e vem empreendendo uma série de reformas, como dar mais autonomia aos agricultores para que possam aumentar a produção de alimentos no país.

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