terça-feira, 14 de setembro de 2010

Íntegra da nota de Jorge Bornhausen sobre as ameaças de Lula

Espero que não seja um grito da 25ª hora, quando tudo está perdido. De qualquer forma, antes que se cumpra a promessa de eliminação anunciada em praça pública pelo Presidente da República, peço a palavra.

E espero que me seja concedida a mesma audiência dada à agressão nominal que me atingiu junto com milhões de companheiros de partido espalhados pelas 27 unidades da Federação.

Quero dispor da expectativa democrática a que, mal nos acostumamos nos querem tirar, e reagir com legítima indignação à ameaça estúpida e que se cumprirá, sem dúvida, quando for efetivada a prometida transformação deste país em república bolivariana à moda do tão estimado “companheiro Chaves”.

Então, a intolerância já terá sufocado os jornais e eliminadas as redes de televisão que transmitem novelas, conforme prometeram os oradores na inauguração da primeira TV sindical, no ABC.

Por enquanto, porém, os cidadãos ainda podem reagir a agressões e provocações. Mesmo que venham do Presidente República e apesar de proferidas em momento de explosão de ódio político para constranger o povo de Santa Catarina. São inaceitáveis para um Chefe de Estado no exercício do mandato (e que, portanto, não pode e não deve discriminar uma parcela dos seus cidadãos, prometendo faze-los desaparecer como expressão política legítima de uma parcela da população).

Na última segunda feira, 13 de setembro, em Santa Catarina o Presidente abandonou o triunfalismo absolutista (de que tem usado e abusado, como se fosse um ditador anedótico de republique ta, para favorecer o PT e aliados) e foi além. Especificamente, deixou de atender a recomendações que o bom senso aconselha a quem quer seja que se apresente ao povo de Santa Catarina.

No seu discurso em Joinville, ele incidiu em quatro preceitos que de nenhuma maneira poderia ter violado:

1º – Não faltar à verdade;

2º – Não reinaugurar obras;

3º – Não desrespeitar as famílias catarinenses, pois, terra de emigrantes, todos sabem quem são de onde vieram e como construíram suas vidas:

4º – Não ingerir excessivamente bebidas alcoólicas antes dos discursos em comícios…

Por que faço política com idéias – e respeito com rigor quem pensa diferente, e até me honro de ter amigos entre eles; não me envolvo com a violência, com corrupção nem contemporizo com ladrões públicos; orgulho-me de haver participado da fundação da Nova República, em 1985, com o reconhecimento dos que a criaram de fato, como Tancredo e Ulysses, quando muitos a renegaram para depois usufruí-la – pouco me importa não contar com a simpatia de Presidente.

Estamos em campos diametralmente opostos, do ideológico ao ético, nunca estivemos juntos em coligações ou projetos, e acho que tal divergência é legítima, democrática e a República é suficientemente tolerante para que convivamos civilizadamente.

E não há nada que a Constituição, a Justiça – e eleições livres e periódicas – não dirimam.

O respeito, porém, é essencial e indispensável, e não é conferido aos Presidentes da República o direito de explosões grosseiras, difamatórias, ameaçando cidadãos e partidos adversários de eliminação.

Finalmente, quando disse, em Santa Catarina, que “conhece os Bornhausen”, sugerindo ter a chave de segredos privilegiados e suspeitas ignominiosas, o Presidente cometeu um ato de extrema presunção. Raro será o catarinense, em todos os partidos, regiões e classes, que não conheça os Bornhausen, uma família que, através de gerações, não renega o passado de trabalho dos seus fundadores, emigrantes como meus avós.

E sempre contei com respeito de todos, retribuindo-o.

Mais do que o protesto, de que tomo a iniciativa por considerá-lo indispensável, já que a agressão foi pública e insolente, quero lamentar profundamente a falta de compostura, civilidade de quem deveria se orgulhar de ser o Presidente de todos os brasileiros, mas que optou por se tornar um raivoso chefe de facção, mesmo que eventualmente majoritária, pois, em termos democráticos, os mandatos têm tempo e atribuições limitadas.

Por exemplo, não lhe confere o direito de eliminar os adversários e extinguir partidos.

Jorge Bornhausen, Presidente de Honra do Democratas

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