segunda-feira, 20 de setembro de 2010

EUA: Tea Party ganha força nas eleições

Na Veja:

“Tea Party”, o novo protagonista político americano
Entenda quem são, de onde vêm e para onde vão esses ultraconservadores


Manuela Franceschini 12 de setembro de 2009, marcha do Tea Party Em 12 de setembro de 2009, o Tea Party mobilizou 100.000 pessoas em uma marcha em Washington, no que foi considerado o maior protesto contra Obama até agora

Com apenas um ano de vida, o Tea Party, ala ultraconservadora da direita americana, aproveitou um momento em baixa do presidente Barack Obama para alcançar uma parte da população que só precisava de um empurrão para se rebelar e ganhou nas primárias. Com isso, subiu no salto alto. A vitoriosa Christine O'Donnell, que nesta quarta-feira desbancou colegas partidários experientes, como Mike Castle, deu o recado em nome dos radicais em seu discurso de vitória: “Aceito, mas não preciso”. Ela se referia a ter o apoio dos grandes nomes republicanos. O recado foi forte, mas revela a relevância desse gurpo no cenário político atual do país. Afinal, de onde vêm, quem são e para onde vão esses conservadores?

O movimento Tea Party foi criado em fevereiro do ano passado. Com ajuda das redes sociais, teve um resultado quase imediato – alcançou pessoas simples, que não entendem muito de política, mas não se sentem representadas pelo governo, não gostam de como as coisas estão se saindo e só precisavam ser encorajadas. O chamado decisivo veio em fevereiro de 2009, quando o apresentador de televisão Rick Santelli, da rede CNBC, falou exatamente o que esse público queria ouvir. Durante seu programa, Santelli disse: "Esta é a América! Quantos de vocês estão dispostos a pagar a hipoteca do vizinho que tem um banheiro extra e agora não pode pagar as contas?". Ele sugeriu, então, que fizessem um “Chicago Tea Party”. A ideia unia a cidade onde Obama morava e o episódio da história americana, conhecido como Tea Party, que batizou movimento.

O discurso inflamado do apresentador virou hit no Youtube, chegou ao Twitter, ao Facebook, à ala radical do partido Republicano e o movimento nasceu. Em algumas semanas, protestos intitulados Tea Party surgiram pelo país. Em 15 de abril de 2009, os militantes fizeram manifestações em 750 cidades aproveitando o Tax Day, Dia do Imposto - último dia em que os contribuintes podem declarar seus bens para o cálculo do Imposto de Renda. Na ocasião, em frente à Casa Branca, manifestantes jogaram caixas de chá pelo portão.


Em 12 de setembro, uma multidão de 100.000 pessoas foi mobilizada em uma marcha em Washington, considerada o maior protesto contra Obama até agora. “O Tea Party não representa a opinião do partido, nem da opinião pública, que é muito mais ampla do que isso”, disse ao site de VEJA o cientista político da Universidade de Columbia, Robert Erikson. “Geralmente, fenômenos como esse acontecem em uma situação de fraqueza do opositor, como é o caso de Obama agora. Mas esses movimentos não duram muito, são abafados no partido e não passam das primárias. Eles não representam o que pensa a sociedade americana.”

História - Em 16 de dezembro de 1773, um grupo de colonos americanos, ainda sob o comando da coroa inglesa, se revoltou contra as altas taxas de impostos cobradas pelos colonizadores sobre a comercialização do chá inglês. Vestidos de índios, invadiram os navios carregados de chá e jogaram toda a mercadoria no mar. O dia ficou conhecido como “Festa do Chá”, Tea Party. Três anos depois, as 13 colônias seriam declaradas independentes e formariam os Estados Unidos da América.

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