Setores do PMDB desembarcam da candidatura Dilma
Em meio à queda da petista nas pesquisas, diretório gaúcho decide recomendar voto em Serra
Setores do PMDB lulista deram a partida na operação de desembarque da candidatura de Dilma Rousseff. Em meio à queda da petista nas pesquisas de intenção de voto, o diretório do PMDB do Rio Grande do Sul decidiu ontem, por maioria, depois de quatro horas de reunião, recomendar o voto no tucano José Serra.
Ao mesmo tempo em que algumas regionais do partido dão passos concretos em direção à Serra, líderes nacionais do PMDB que foram colocados de escanteio pela cúpula do PT na campanha de Dilma, ou atropelados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições estaduais, cruzam os braços no segundo turno.
Até o candidato a vice na chapa petista e presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), tem revelado desânimo nos bastidores. A vários interlocutores, ele se queixou de que foi marginalizado pelo PT na campanha. "Me esconderam, e agora estão tentando reparar", disse a um correligionário, destacando que os petistas só pediram sua ajuda depois que "levaram um susto". O PT estava certo de que levaria a eleição no primeiro turno. Com Lula à frente, não precisavam de mais ninguém.
Ao mesmo tempo, a presença do presidente nacional do partido no posto de vice inibe a movimentação de peemedebistas descontentes e o sentimento de revanche dos que se sentiram traídos pelo PT nestas eleições.
Um deles foi o deputado Geddel Vieira Lima, que disputou o governo da Bahia. Ele disse ter perdido a eleição para Lula, e não para o governador reeleito Jaques Wagner (PT). Geddel já avisou que o rompimento entre PT e PMDB na Bahia não tem retorno. Seus interlocutores, contudo, não têm dúvidas de que ele vai cumprir o acordo nacional pró-Dilma. Mas avisam que o apoio será "formal" e que Geddel não perderá "um minuto de seu tempo" pedindo votos para a petista.
No Pará, o senador eleito Jader Barbalho (PMDB) é outro que deve reafirmar apenas apoio formal a Dilma. O PMDB disputou o governo local com candidato próprio e Jader deve anunciar, nos próximos dias, que o partido está liberado para votar em quem quiser no segundo turno, em que a briga é entre a governadora Ana Júlia Carepa (PT) e o ex-governador tucano Simão Jatene.
Na avaliação de um correligionário de Jader, liberar o voto significa, na prática, abrir caminho para a adesão à candidatura de Jatene. Como o tucano toca a campanha em conjunto com Serra, com o discurso de que "Dilma é a Ana Júlia do Brasil", a aposta geral é que a regional do PMDB também está prestes a desembarcar da candidatura de Dilma.
Um importante dirigente nacional do PMDB adverte que a situação de Dilma é grave porque a onda que afetou a popularidade da petista não é um problema de partidos nem de lideranças políticas, e sim de opinião pública. Segundo ele, a cúpula peemedebista identifica uma onda a favor de Serra, que "nem mesmo Lula" tem poderes para conter,
PMDB gaúcho. Cerca de 500 peemedebistas, entre vereadores, prefeitos, delegados e representantes do diretório e da executiva estadual do PMDB do Rio Grande do Sul participaram da reunião que decidiu ontem pelo apoio da regional ao candidato a presidente do PSDB, José Serra. Depois de quatro horas de muito bate-boca, o plenário aprovou moção do diretório estadual recomendando o voto ao tucano.
A votação foi simbólica, por maioria esmagadora na proporção de quatro votos ao tucano, para cada um destinado à petista Dilma Rousseff. Apesar de o vice de Dilma ser o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), a decisão não surpreendeu. Já é tradição o PMDB gaúcho apoiar candidatos tucanos ao Palácio do Planalto. Foi assim nas duas eleições de Fernando Henrique Cardoso e nas candidaturas de José Serra, em 2002, e Geraldo Alckmin, em 2006.
Um peemedebista experiente que participou do debate avalia que a regional gaúcha abriu caminho para o "efeito manada", do PMDB rumo à candidatura tucana. Segundo ele, a queda da petista nas pesquisas de intenção de voto é determinante na definição dos rumos do partido.
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