O que mais nos falta? Depois de sermos felicitados pelas FARC pela eleição da Dilma, nossos representantes na ONU se calam em relação aos apedrejamentos no Irã. Quem será nosso próximo aliado? O próprio Satanás?
Ricardo Setti, na Veja:
A abstenção do Brasil em condenar na ONU o apedrejamento de mulheres me dá vergonha de ser brasileiro
Amigos, a manchete da seção “Internacional” do Estadão de hoje diz tudo: “Brasil cala sobre apedrejamento no Irã”.
O subtítulo também é altamente ilustrativo: “Ao lado de países como Cuba, Sudão, Síria e Líbia [todos ditaduras ferozes e violadoras dos direitos humanos, comento eu], diplomacia brasileira recusa-se a apoiar resolução em comissão da Assembléia-Geral da ONU que condena a lapidação e cobra fim de perseguição a jornalistas, blogueiros e opositores iranianos”.
Um dos pontos principais da resolução, apresentada pelo Canadá e aprovada por 80 países civilizados — da vizinha Argentina ao Japão, dos Estados Unidos a todos (repito, todos) os países europeus, do próprio Canadá, naturalmente, ao Chile — é a condenação do apedrejamento como método de execução. A resolução também pede o fim da discriminação contra as mulheres.
Como cidadão de um país em que a maioria da população é constituída de mulheres, e que — santo Deus — acaba de eleger uma mulher como primeira presidente em 121 anos de história da República, declaro-me indignado e sobretudo envergonhado com a política externa pusilânime e covarde do governo Lula e de seu chanceler de estimação, Celso Amorim em relação à ditadura do Irã.
O regime dos aiatolás fanáaticos massacra os direitos das mulheres, adota a pena de morte sob as formas mais vis, enjaula adversários políticos, censura a imprensa, rouba nas urnas e seu ditador, Mahmoud Ahmadinejad, nega a existência do Holocausto e apóia grupos terroristas mundo afora.
O atual governo brasileiro acredita que com “diálogo e cooperação” é que a situação pavorosa dos direitos humanos no Irã vai melhorar. Prefere aproximar-se, ser amigo doDiabo a condenar suas ações.
Imagino o constrangimento da presidente Dilma como mulher e como política que já condenou de forma clara e inequívoca a barbárie que constituem os apedrejamentos de mulheres, em geral por suposto “adultério”, no Irã.
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