domingo, 21 de novembro de 2010

Brasil não vê nada de errado com as 2,1 mil prisões políticas em Mianmar


Brasil se abstém de condenar abusos de Mianmar na ONU
País não apoiou libertação de mais de 2 mil prisioneiros políticos da nação asiática

GENEBRA - No mesmo dia em que evitou apoiar uma resolução condenando o Irã pela prática do apedrejamento, o Brasil também se absteve em uma resolução na Organização das Nações Unidas (ONU) que condenava os abusos em Mianmar, onde o País tem desde maio deste ano uma embaixada. O texto aprovado pedia a libertação de 2,1 mil prisioneiros políticos e garantias de que a ativista pró-democracia Aung San Suu Kyi, libertada recentemente, tenha seus direitos garantidos.

Outros 59 países seguiram a mesma linha do Brasil, entre eles Angola, Bolívia, Equador e Senegal. Mas a resolução passou com o apoio de outras 96 nações, entre eles todos os membros do Mercosul - Argentina, Paraguai e Uruguai - e do Chile. O bloco europeu também votou em peso a favor da resolução, assim com EUA, Canadá e África do Sul.

O documento condena o fato de que as eleições ocorridas no país há duas semanas não foram nem livres e nem justas. O documento elogia a libertação da ativista há uma semana, mas pede que outros 2,1 mil prisioneiros políticos sejam soltos e apela para que a ativista tenha total de direito de se exprimir. China, Cuba, Venezuela, Argélia e Irã estiveram entre os 28 países que votaram contra a resolução.

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, ex-relator da ONU para a defesa dos direitos humanos em Mianmar, alertou há poucos dias ao Estado que a liberação Aung San Suu Kyi não deve ser vista como a libertação de Nelson Mandela na África do Sul. Para o brasileiro, que ocupou o cargo na ONU por oito anos até 2008 e que se reuniu mais de dez vezes com a premio Nobel da Paz em sua residência, Mianmar não dá sinais de que está se abrindo.

A única votação que teve o apoio do Brasil foi em uma resolução condenando a situação de direitos humanos na Coreia do Norte. Cem países votaram a favor do texto, entre eles o Brasil, todo o Mercosul, o grupo Ocidental e vários países africanos. Há um ano, o Brasil havia insistido em dar "uma chance" aos norte-coreanos na ONU e convidá-los a participar de um diálogo. Não funcionou.

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