“Sigam-me os que forem brasileiros.” Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), o patrono do exército brasileiro falou a frase em um momento dramático da Guerra do Paraguai, a Batalha de Itororó. Era vital para as tropas aliadas atravessar o Rio Itororó, mas os paraguaios infligiam numerosas baixas aos brasileiros. À beira da derrota, Caxias desembainhou a espada, gritou a frase com entusiasmo descomunal, tomou a dianteira, atravessou a ponte, acompanhado por toda a tropa, e venceu a batalha. |
Então quer dizer que o Lula achou que ia sair de fininho, assistindo a tudo de fora? Parece que não vai ser bem assim. Com sua imagem cada vez mais avariada perante a opinião pública - vide seu fracasso de bilheteria nas últimas eleições - o petista encontra-se cada vez mais acuado. Dia sim, outro também, novos episódios escancaram sua importância central no esquema do Mensalão.
Pelo visto, as ameças petistas não estão surtindo efeito. Valério, supostamente ameaçado de morte, continua vazando aos poucos a participação presidencial no escândalo. A imprensa, ou parte dela, ameaçada diariamente pelo PT, continua estampando manchetes sobre a quadrilha e seu líder oculto todas as manhãs. O STF, quando o tentam intimidar, responde com condenações transmitidas ao vivo para todo o país. Até mesmo José Dirceu parece estar tentando mandar algum recado a Lula através de sua ex-mulher. Quem obviamente poderia e deveria participar mais ativamente são os partidos de oposição, tão acanhados num momento que seria o auge para qualquer oposicionista de verdade. Mas enfim, de forma geral, as coisas estão avançando.
A realidade parece estar nos demonstrando que o PT, e principalmente Lula, acreditavam ter em mãos um poder que nem de longe possuiam. A sociedade brasileira está provando que é muito maior que eles e que não tem medo de briga.
Eu quero mais é ver o circo pegar fogo - com todos os palhaços dentro.
Leiam o capítulo de hoje no Estadão:
Valério cita Lula e Palocci em novo depoimento ao MPF sobre o mensalão
Empresário formaliza pedido para sua inclusão no programa de testemunhas enviando fax ao STF
Empresário condenado como o operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza prestou depoimento ao Ministério Público Federal no fim de setembro. Espontaneamente, marcou uma audiência com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Fez relatos novos e afirmou que, se for incluído no programa de proteção à testemunha - o que o livraria da cadeia -, poderá dar mais detalhes das acusações.
Dias depois do novo depoimento, Valério formalizou o pedido para sua inclusão no programa de testemunhas enviando um fax ao Supremo Tribunal Federal. O depoimento é mantido sob sigilo. Segundo investigadores, há menção ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao ex-ministro Antonio Palocci e a outras remessas de recursos para o exterior além da julgada pelo Supremo no mensalão - o tribunal analisou o caso do dinheiro enviado a Duda Mendonça em Miami e acabou absolvendo o publicitário.
Ainda no recente depoimento à Procuradoria, Valério disse já ter sido ameaçado de morte e falou sobre um assunto com o qual parecia não ter intimidade: o assassinato em 2002 do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.
A "troca" proposta pelo empresário mineiro, se concretizada, poderá livrá-lo da prisão porque as testemunhas incluídas no programa de proteção acabam mudando de nome e passam a viver em local sigiloso tentando ter uma vida normal. No caso da condenação do mensalão, Valério será punido com regime fechado de detenção. A pena ultrapassou 40 anos - o tempo da punição ainda poderá sofrer alterações no processo de dosimetria. O empresário ainda responde a pelo menos outras dez ações criminais, entre elas a do mensalão mineiro.
Ressalvas. Os detalhes do depoimento, assinado por Valério e pelo criminalista Marcelo Leonardo, seu advogado, são tratados com reserva pelo Ministério Público. O empresário sempre foi visto por procuradores da República como um "jogador". Anteriormente, chegou a propor um acordo de delação perante o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza - autor da denúncia contra o mensalão -, mas, sem apresentar novidades, o pedido foi recusado.
O novo depoimento pode ser, na avaliação de procuradores, mais uma manobra estratégica a fim de ele tentar se livrar da severa punição imposta pelo STF.
Por isso, as informações e novas acusações estão sob segredo.
O Ministério Público analisará se abre ou não novo processo para investigar a veracidade dos dados. Gurgel ainda avalia se aceita ou não incluir Valério no programa de proteção a testemunhas.
O advogado de Valério não quis comentar o assunto num primeiro momento. Depois, disse: "Se essa matéria for publicada e o meu cliente for assassinado terei que dizer que ele foi assassinado por causa dessa matéria. Não tenho outra opção".
O envio do fax ao STF com o pedido de proteção foi confirmado na terça-feira passada, pelo presidente da Corte, ministro Carlos Ayres Britto. "Chegou um fax. Não posso dizer o conteúdo porque está sob sigilo."
O pedido foi destinado ao gabinete do relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, e encaminhado para análise da Procuradoria-Geral.
Os novos relatos feitos por Valério não terão efeito imediato na ação do mensalão. As penas continuarão a ser aplicadas. Eventualmente, caso haja um acordo de delação premiada num novo processo, o cumprimento da pena pode ser revisto e até diminuído, a depender da Justiça.
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