quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Santa Catarina: governo estadual bunda-mole covardemente cede e entrega ao crime organizado a segurança da população

Li ainda há pouco uma notícia que me causou profundo desapontamento com o governador Raimundo Colombo, em quem votei e sempre tive admiração. À partir de hoje, acabou. No momento em que o chefe do poder executivo estadual cede a chantagem do crime organizado, não é possível qualquer resquício de respeito ao cargo ao qual ele foi investido. 

Se Anita Garibaldi enfrentou as tropas do Império em cima de um cavalo, o lageano Raimundo Colombo contando com a estrutura de um dos estados mais ricos da Federação, correu de meia dúzia de adolescentes com garrafas pet com gasolina. Definitivamente não honra as calças que veste e não merece mais o menor respeito. Não me lembro de outra situação tão vergonhosa para os catarinenses.

Minha primeira decepção com Colombo surgiu no momento em que, após ser eleito pelo DEM, partido de oposição ao PT, filiou-se ao PSD, partido recém criado pelo adesista Kassab com o objetivo de migrar para a base de apoio e para dentro do cofre do Governo Dilma. Não gostei, obviamente, mas preferi aguardar o desenrolar dos fatos antes de me posicionar. Pronto, o que eu aguardava aconteceu hoje. A menos que a matéria abaixo se mostre falsa, o que eu sinceramente duvido, o governador perdeu um voto certo para sua reeleição.

No UOL:

Governo afasta diretor de presídio para pôr fim à onda de violência em Santa Catarina

O governador Raimundo Colombo anunciou nesta quarta-feira (14) às 19h30 pela televisão que "Carlos pediu um tempo", assim aceitando o afastamento do cargo do diretor da penitenciária de segurança máxima de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves.

A medida é vista pela cúpula das secretarias de Segurança e de Justiça como capaz de acabar com a onda de violência, depois que a polícia identificou que a maioria dos 22 ataques (número revisto pelas autoridades) em seis cidades desde segunda-feira (12) são represálias de bandidos à administração de Alves na cadeia, localizada na Grande Florianópolis.

 Vinte e sete pessoas suspeitas foram presas e estão sendo investigadas.
 
O governador não quis que o afastamento fosse encarado como uma concessão à bandidagem. Ele disse que o diretor afastado estava "fragilizado" e não deu importância à saída dele: "Foi uma decisão pessoal que temos que respeitar".

A força-tarefa policial criada na segunda para combater a onda de violência vai monitorar a noite de hoje para conferir se adiantou a medida de afastamento de Alves.

A polícia demorou para apurar que as ordens dos atentados vinham de dentro da penitenciária de São Pedro - como os ataques dobraram de oito para 16 em dois dias, ficou evidente que eram atos coordenados.

As más condições carcerárias, denúncias de torturas e maus-tratos estão no centro da revolta de líderes do tráfico, assaltantes de banco e sequestradores integrantes da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC), presos em São Pedro.

Quem são eles e como dão as ordens às ruas ainda está sendo investigado pela polícia.

Morte da mulher

As atentados começaram em 26 de outubro, com o assassinato da mulher de Alves, Deise. Ela foi morta quando chegava em casa com um tiro pelas costas. Na ocasião, a versão oficial foi de incidente isolado.
Por alguns dias, Alves ficou afastado, mas reassumiu o cargo no início do mês.

Desde então, já enfrentou duas acusações de torturas e maus-tratos, que supostamente seriam excessos cometidos na investigação da morte de sua mulher.

A primeira denúncia foi investigada pela Corregedoria do Tribunal de Justiça, no dia 8, sem conclusão.
A segunda foi ontem (13). Desta vez, o denunciante foi o preso Rodrigo de Oliveira, 32, condenado por tráfico. Um exame médico realizado ontem comprovou que ele tem lesões compatíveis com chutes e coronhadas.

O diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Leandro Lima, defendeu o subordinado Alves e negou que aconteçam torturas na cadeia.

Foi entre as acusações que os principais ataques aconteceram - disparos contra delegacias e postos policiais e incêndio de ônibus, na segunda (12). Por enquanto, não houve feridos.

Na terça (13), o governo do Estado e a cúpula da segurança pública ainda mantinham a versão de que eram ataques isolados. A força dos 16 ataques derrubou a tese, com a admissão que eram crimes coordenados.
Faltava saber por quem e de onde. A demissão de Alves indica aquilo que já se sabia nos bastidores das investigações: as ordens vinham de dentro do presídio de São Pedro, em represália pela atuação dele na instituição.

A cadeia tem 1.200 presos. O sistema prisional catarinense tem 17 mil condenados, mas capacidade para apenas 11 mil.

Para piorar, existem 10 mil mandatos de prisão em aberto - muitos deles de criminosos que estão nas ruas e agem comandados por chefes presos.

A existência de uma facção criminosa comandando a violência também era negada pelo governo. Agora, é reconhecida. A polícia passa a investigar o Primeiro Grupo Catarinense. Os nomes mais investigados como responsáveis pelas ordens dos ataques são os presos conhecidos como Cartucho e Derú.

No ano passado, o Deap já tinha pedido, sem sucesso, a transferência de 40 dos mais perigosos chefes para cadeias federais, percebendo o crescimento do PGC. Na versão oficial, era mantida a inexistência dela.

Segundo policiais falando na condição de anonimato, entre os motivos para o governo negar a existência das facções nas cadeias do Estado estaria a imagem do turismo de Santa Catarina, cujo verão atrai gente de todo Brasil com ênfase na segurança de suas cidades de praia.

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