Li ainda há pouco uma notícia que me causou profundo desapontamento com o governador Raimundo Colombo, em quem votei e sempre tive admiração. À partir de hoje, acabou. No momento em que o chefe do poder executivo estadual cede a chantagem do crime organizado, não é possível qualquer resquício de respeito ao cargo ao qual ele foi investido.
Se Anita Garibaldi enfrentou as tropas do Império em cima de um cavalo, o lageano Raimundo Colombo contando com a estrutura de um dos estados mais ricos da Federação, correu de meia dúzia de adolescentes com garrafas pet com gasolina. Definitivamente não honra as calças que veste e não merece mais o menor respeito. Não me lembro de outra situação tão vergonhosa para os catarinenses.
Minha primeira decepção com Colombo surgiu no momento em que, após ser eleito pelo DEM, partido de oposição ao PT, filiou-se ao PSD, partido recém criado pelo adesista Kassab com o objetivo de migrar para a base de apoio e para dentro do cofre do Governo Dilma. Não gostei, obviamente, mas preferi aguardar o desenrolar dos fatos antes de me posicionar. Pronto, o que eu aguardava aconteceu hoje. A menos que a matéria abaixo se mostre falsa, o que eu sinceramente duvido, o governador perdeu um voto certo para sua reeleição.
No UOL:
Governo afasta diretor de presídio para pôr fim à onda de violência em Santa Catarina
O governador Raimundo Colombo anunciou nesta quarta-feira (14) às 19h30 pela televisão que "Carlos pediu um tempo", assim aceitando o afastamento do cargo do diretor da penitenciária de segurança máxima de São Pedro de Alcântara, Carlos Alves.
A medida é vista pela cúpula das secretarias de Segurança e de Justiça
como capaz de acabar com a onda de violência, depois que a polícia
identificou que a maioria dos 22 ataques (número revisto pelas
autoridades) em seis cidades desde segunda-feira (12) são represálias de
bandidos à administração de Alves na cadeia, localizada na Grande
Florianópolis.
Vinte e sete pessoas suspeitas foram presas e estão sendo investigadas.
O governador não quis que o afastamento fosse encarado como uma
concessão à bandidagem. Ele disse que o diretor afastado estava
"fragilizado" e não deu importância à saída dele: "Foi uma decisão
pessoal que temos que respeitar".
A força-tarefa policial criada na segunda para combater a onda de
violência vai monitorar a noite de hoje para conferir se adiantou a
medida de afastamento de Alves.
A polícia demorou para apurar que as ordens dos atentados vinham de
dentro da penitenciária de São Pedro - como os ataques dobraram de oito
para 16 em dois dias, ficou evidente que eram atos coordenados.
As más condições carcerárias, denúncias de torturas e maus-tratos estão
no centro da revolta de líderes do tráfico, assaltantes de banco e
sequestradores integrantes da facção Primeiro Grupo Catarinense (PGC),
presos em São Pedro.
Quem são eles e como dão as ordens às ruas ainda está sendo investigado pela polícia.
Morte da mulher
As atentados começaram em 26 de outubro, com o assassinato da mulher de
Alves, Deise. Ela foi morta quando chegava em casa com um tiro pelas
costas. Na ocasião, a versão oficial foi de incidente isolado.
Por alguns dias, Alves ficou afastado, mas reassumiu o cargo no início do mês.
Desde então, já enfrentou duas acusações de torturas e maus-tratos, que
supostamente seriam excessos cometidos na investigação da morte de sua
mulher.
A primeira denúncia foi investigada pela Corregedoria do Tribunal de Justiça, no dia 8, sem conclusão.
A segunda foi ontem (13). Desta vez, o denunciante foi o preso Rodrigo
de Oliveira, 32, condenado por tráfico. Um exame médico realizado ontem
comprovou que ele tem lesões compatíveis com chutes e coronhadas.
O diretor do Departamento de Administração Prisional (Deap), Leandro
Lima, defendeu o subordinado Alves e negou que aconteçam torturas na
cadeia.
Foi entre as acusações que os principais ataques aconteceram - disparos
contra delegacias e postos policiais e incêndio de ônibus, na segunda
(12). Por enquanto, não houve feridos.
Na terça (13), o governo do Estado e a cúpula da segurança pública
ainda mantinham a versão de que eram ataques isolados. A força dos 16
ataques derrubou a tese, com a admissão que eram crimes coordenados.
Faltava saber por quem e de onde. A demissão de Alves indica aquilo que
já se sabia nos bastidores das investigações: as ordens vinham de
dentro do presídio de São Pedro, em represália pela atuação dele na
instituição.
A cadeia tem 1.200 presos. O sistema prisional catarinense tem 17 mil condenados, mas capacidade para apenas 11 mil.
Para piorar, existem 10 mil mandatos de prisão em aberto - muitos deles
de criminosos que estão nas ruas e agem comandados por chefes presos.
A existência de uma facção criminosa comandando a violência também era
negada pelo governo. Agora, é reconhecida. A polícia passa a investigar o
Primeiro Grupo Catarinense. Os nomes mais investigados como
responsáveis pelas ordens dos ataques são os presos conhecidos como
Cartucho e Derú.
No ano passado, o Deap já tinha pedido, sem sucesso, a transferência de
40 dos mais perigosos chefes para cadeias federais, percebendo o
crescimento do PGC. Na versão oficial, era mantida a inexistência dela.
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