Não sei se o Lula chegou a guardar em algum lugar a antiga barba que cultivou durante anos, mas caso o tenha feito, que a coloque de molho. Depois das ameaças veladas do publicitário Marcos Valério através da revista Veja, agora é seu advogado de defesa quem o cita nominalmente, e com letras maiúsculas.
Torna-se cada vez mais impressionante o silêncio do ex-presidente, famoso por nunca fechar a matraca, que não deu um pio sequer sobre este assunto até o momento. Seria por receio de irritar Valério? Quem não deve não teme, e quem cala, consente.
Leiam no Globo:
Defesa de Valério diz que Lula foi um dos protagonistas do mensalão
BRASÍLIA - Em memorial de defesa apresentado nesta segunda-feira no
Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado de Marcos Valério, Marcelo
Leonardo, faz ataques do PT e cita o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva como um dos protagonistas políticos do mensalão. Leonardo afirma
que a base de sustentação do então governo petista, com o surgimento do
escândalo, deslocou o foco para Valério. No memorial, o nome de Lula e
de Valério aparecem sempre em maiúsculas.
"A
classe política que compunha a base de sustentação do Governo do
Presidente LULA, diante do início das investigações do chamado
“mensalão”, habilidosamente, deslocou o foco da mídia das investigações
dos protagonistas políticos (Presidente LULA, seus Ministros, dirigentes
do PT e partidos da base aliada e deputados federais), para o
empresário mineiro MARCOS VALÉRIO, do ramo de publicidade e propaganda,
absoluto desconhecido até então, dando-lhe uma dimensão que não tinha e
não teve nos fatos", afirmou Marcelo Leonardo no documento.
O
advogado disse também que o réu que não era do mundo político foi
transformado em peça principal do enredo político e jornalístico.
"Quem
não era presidente, ministro, dirigente político, parlamentar, detentor
de mandato ou liderança com poder político, foi transformado em peça
principal do enredo político e jornalístico, cunhando-se na mídia a
expressão “Valerioduto”, martelada diuturnamente, como forma de
condenar, por antecipação, o mesmo, em franco desrespeito ao princípio
constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana", afirmou a
defesa.
Leonardo também inclui Lula na relação dos interessados no
suporte político "comprado" e diz que o PT é o "verdadeiro
intermediário do mensalão". Ele disse também que é injusto Valério ter a
pena mais dura, tratamento que, segundo ele, não foi dado aos
verdadeiros chefes políticos. O advogado afirma que o procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, limitou-se a acusar o ex-ministro José
Dirceu como chefe de quadrilha.
O advogado argumenta para que
sejam consideradas as circunstâncias que se levam em conta na fixação da
pena base, como antecedentes, conduta social, personalidade e
comportamento da vítima, entre outros. Leonardo rebateu conclusão do
relator Joaquim Barbosa de que Valério tem "maus antecedentes", com base
em ações penais que o ex-publicitário responde em outras instâncias. "A
mera existência de ações penais em andamento, todas posteriores aos
fatos objeto desta Ação Penal 470 (mensalão), não pode servir de
fundamento para consideração de “maus antecedentes”, com vistas à
agravação da pena base", afirmou Leonardo, com base em decisões
anteriores do próprio Supremo.
O advogado quer que seu cliente
seja tratado como réu primário, pois não respondia por nenhum crime na
época do escândalo, e afirmou que Valério foi perseguido por diversos
órgãos do governo, como “Polícia Federal, da Receita Federal e do
Ministério Público Federal”.
Para reforçar sua tese da boa conduta
social de Valério, Leonardo cita vários testemunhos, inclusive do padre
Décio Magela de Abreu, pároco de Sete Lagoas (MG). E cita o filho de
Valério, que faleceu de câncer.
Leonardo quer que seja considerado
o papel de réu colaborador de Valério, no momento da dosimetria das
penas. A defesa de Valério espera ver reduzida sua pena final em dois
terços do total a ser estabelecido pelos ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF). Marcelo Leonardo, no memorial de defesa, argumentou que,
por ter, na sua opinião, atuado como réu colaborador, seu cliente possa
ter a pena reduzida. No caso de réu colaborador, se assim for
considerado, a previsão é de redução de dois terços.
- O Marcos
Valério colaborou com o processo, apresentou relação e listas com nomes
de beneficiários. Isso, e outras medidas, o tornam réu colaborador e
espero que assim seja entendido pelos ministros - disse Marcelo
Leonardo, mais cedo.
O publicitário já foi condenado por peculato, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário