A: Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil.
Em entrevista oferecida à agência Associated Press, o Senhor comparou os presos políticos encarcerados injustamente pelo regime comunista dos irmãos Castro, com os presos comuns de seu país e pediu respeito à legislação cubana. Pois digo-lhe que a legislação vigente em Cuba, no que concerne ao Código Penal, é uma cópia quase fiel do Código Penal da Rússia de Stalin.
A luta que a oposição trava dentro e fora de Cuba, contra a ditadura, é pacífica; não tem nada a ver com métodos violentos, como o fizeram antes de 1959 os irmãos Castro. Para ser breve lhe darei só um exemplo: o movimento 26 de Julho em Havana, detonaram mais de cinqüenta bombas matando pessoas inocentes em apenas uma noite. Este acontecimento sangrento é recordado na história de Cuba como "O dia das cem bombas". Depois de usurpar o poder começaram os fuzilamentos semeando o medo e a violência, fatos que duram já mais de meio século.
Embora a greve de fome seja um instrumento de protesto que põe em perigo a vida de quem a realiza, é inumana, irracional e condenável a atitude do governo cubano que não escuta o pedido de libertação dos presos políticos por parte da oposição, da comunidade internacional e das valentes Damas de Branco que exigem apenas a libertação de seus seres queridos, as quais foram golpeadas e reprimidas por agentes do governo mostrando uma vez mais sua natureza repressiva.
Com suas declarações o senhor ofende a dor de uma mãe, Reina Tamayo Danger; o senhor ofende a memória de nosso irmão de luta, o mártir Orlando Zapata Tamayo, encarcerado só pelo fato de lutar valente e pacificamente contra a ditadura.
Orlando Zapata Tamayo se enfrentou desde sua cela escura durante sete anos com todo um exército de esbirros assassinos recebendo torturas e incontáveis golpes que, todavia, não puderam dobrá-lo. Pagou com sua vida o preço da liberdade; isso não fazem nem os bandidos de seu país nem os de nenhum país do mundo. Isso dói ao tirano, como o aborrece igualmente reconhecer que não puderam matar sua honra, sua galhardia, pois sabem que morreu de pé como só os homens dignos sabem fazer; dói-lhes saber que seu exemplo já é indelével.
Senhor presidente, pode-se ser agradecido, porém essa não é a melhor maneira de pagar aos Castro os favores que talvez lhe tenham feito em seu passado. Há alguns dias no programa de TV do jornalista Andrés Oppenheimer, escutei o ex-chanceler do México, Jorge Castañeda, dizer que o Brasil é um gigante econômico, mas ao mesmo tempo um anão político.
O Brasil é uma grande nação, cujo povo trabalha por seu progresso; o povo cubano sempre lhe dispensou um profundo respeito e é por isso que acredito que o anão político é seu presidente.
O senhor demonstrou com suas aberrantes e ofensivas declarações, e não só por isto, mas porque também, junto a alguns mandatários latino-americanos, por um lado comete a mesquinhez de não querer reconhecer um governo legítimo como o da República de Honduras e por outro, comunga com a ditadura de Havana. Isso, senhor presidente, é pequenez política e dupla moral. Se lhe falta valor para condenar os crimes da ditadura em meu país, então o senhor guarde silêncio.
Humberto Montoya Portuondo é co-fundador do Movimento Alternativa Republicana.
Exilado em Aurora, Illinois, USA.
Tradução: Graça Salgueiro
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