No primeiro ato pró-Serra, ex-governador promete juntar 300 dos 856 prefeitos de Minas; tucano vai se encontrar com empresários
A recepção política ao candidato tucano a presidente, José Serra, que o ex-governador Aécio Neves comandará hoje em Belo Horizonte, na abertura oficial da pré-campanha do PSDB, é apenas um detalhe da estratégia para tentar dar vitória dupla ao partido, com Antonio Anastasia no governo local e Serra no Planalto.
Convencido de que o PT e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "fecharam o cerco" para derrotá-lo, Aécio trabalha nos bastidores com uma meta: alcançar dois milhões de votos de frente sobre a adversária petista Dilma Rousseff em Minas Gerais.
Em uma disputa polarizada, que pode ser liquidada no primeiro turno de votação, a vantagem em Minas pode conferir a Aécio o título de portador da vitória nacional. Como a meta é ambiciosa, ele já deu o primeiro recado aos aliados: não vai admitir traição. Isto ficou claro no pito que passou em dois prefeitos de sua base de apoio que prestigiaram a visita de campanha da candidata Dilma a Ouro Preto, no dia 6.
"O governador quis dar uma sinalização que servisse de exemplo aos mineiros antes de a pré-campanha começar. Não vamos ter tolerância com dissidências", diz o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro, que vai coordenar a campanha presidencial em Minas e no Espírito Santo. Segundo ele, haverá "integração total" entre as campanhas de Serra e Anastasia.
Vice dos sonhos da cúpula e da base do PSDB para fortalecer a chapa presidencial, Aécio quer mostrar que, disputando o Senado como deseja, pode fazer muito pela vitória de Serra no Estado. Por isto mesmo, fez questão de preparar um "ato grandioso" para marcar a abertura da pré-campanha, com a presença de cerca de 300 dos 856 prefeitos mineiros. Será o primeiro movimento concreto de Aécio em favor de Serra.
Antes do ato político, no entanto, Serra dará entrevistas a emissoras de rádio locais e fechará a programação da manhã com uma reunião seguida de um almoço com empresários na Federação das Indústrias de Minas. O contato com o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade, ganha importância na medida em que ele já está escolhido para suceder o deputado Armando Monteiro (PTB-PE) na presidência da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Exceção. A orientação de evitar reuniões político-partidárias nesta fase inicial e priorizar o contato de Serra com representantes da sociedade civil e populares Brasil afora, não vale para Minas. Lá, a ordem é mobilizar a base política de Aécio para superar a frustração com a desistência do mineiro na corrida sucessória.
"Temos que mostrar com muita clareza que tínhamos um plano "A", que era o Aécio, e agora temos o plano "B", que é o Serra", explica o presidente do PSDB mineiro, deputado Nárcio Rodrigues, certo de que o ex-governador de Minas sairá desta eleição como "senador mais votado do Brasil e o grande líder da maior bancada estadual e federal do partido no Congresso". Oficialmente, cinco legendas estarão homenageando Serra, mas o PSDB local trabalha para ampliar esta base, com aliados de outros partidos como o PP e o PDT.
Não por acaso, o presidente do PSDB mineiro, deputado Nárcio Rodrigues, preparou um banner para compor o cenário do encontro político com o seguinte dizer: "Aécio aponta o caminho. Minas é Serra e Anastasia". Ele destaca que, assim como na chapa presidencial, a discussão em torno do vice de Anastasia é tema proibido por enquanto, e explica a razão. "Isto leva à divisão, antes de construirmos a união."
O tucanato mineiro vai trabalhar para fazer deslanchar as duas candidaturas no Estado no prazo mais curto possível. Levantamentos do partido mostram que Serra já está à frente de Dilma em Minas. "Até o final de maio, vamos fazer a candidatura de Anastasia decolar", afirma Nárcio. Uma das razões que Aécio alega para recusar a vice é exatamente a necessidade de "pegar Anastasia pela mão" e rodar o Estado para fazer o sucessor. Ao mesmo tempo, porém, ele destaca que pode ser mais útil a Serra percorrendo os 800 municípios mineiros e pedindo votos a ele, com a autoridade de governador mais popular da história de Minas, do que andando pelo Brasil, onde é pouco conhecido.
"Aécio à frente da campanha presidencial aqui no Estado é a garantia de um palanque sólido e da convergência das forças políticas em favor de Serra", aposta o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB), para concluir: "Ele sabe exatamente o que está fazendo para o bem de Serra, ficando em Minas e garantindo a ele uma boa vantagem de votos sobre o PT."
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