Florianópolis, capital de Santa Catarina e uma das cidades brasileiras com maior potencial turístico devido à sua natureza privilegiada e qualidade de vida, naturalmente recebe por esses motivos um grande fluxo de novos moradores e empreendimentos. A cidade, como é de se esperar, cresce em ritmo acelerado e acima da capacidade do poder público intervir. Por ter mais da metade de seu território classificado como área de preservação, entre morros luxuriantes, lagoas, mangues e dunas, a pressão populacional acaba muitas vezes levando a ocupações irregulares. Crescem favelas para cima dos morros, constroem-se casas on de elas não deviam existir, vielas estreitas espalham-se por toda a ilha sem qualquer planejamento. As consequências nós sentimos na pele: poluição das praias e lagoas, deslizamentos de terra, inundações, trânsito insuportável, ausência de passeios para pedestres e arborização inexistente. A qualidade de vida que atrai as pessoas para cá vai se perdendo aos poucos, e o que é pior, de maneira irremediável. À medida em que se ocupa em grande escala o espaço que deveria ser mantido livre, não sobra espaço para a correção futura dos problemas acima citados. O que me surpreende é corpo-mole do poder público e de parte da sociedade em coibir esse tipo de ocupação, ao mesmo tempo que expulsam da cidade empreendimentos que seriam vantajosos para a população. Permite-se a favelização da cidade, mas a construção de hotéis, marinas e condomínios de qualidade são barrados, apesar da certeza que empreendimentos desse porte seguiriam as normas e estariam obviamente sujeitos a uma fiscalização mais eficiente. Sem contar as vantagens em termos de renda e emprego para o município, assim como o comprometimento de muitos destes projetos em conservar um percentual grande de área verde e tratar seus efluentes sanitários.
Chamamos este tipo de visão de "Pobrismo". Sua origem está no aparelhamento esquerdista das ongs, universidades, Ministério Público e órgãos ambientais. O combate ao capital é o que norteia suas decisões, embora boa parte de seus militantes tenha um padrão de vida melhor que o restante da população, e habite o mesmo tipo de espaço que dizem querer preservar. Em nome de uma suposta justiça social, destrói-se e inviabiliza-se uma cidade. Que fique claro, não trata-se de crucificar os pobres em detrimento dos mais abastados, mas sim exigir de ambos, e com o mesmo rigor, o mero cumprimento da lei.
Essa longa introdução serve apenas para comentar uma notícia que tomei conhecimento hoje pela internet, e que está diretamente ligada ao assunto:
Grupo árabe quer marina na capital. Prevista para a Lagoa da Conceição, me antecipo e lhes dou a garantia de que não sairá do papel. Alguém aceita apostar? Os radicais do chá-verde acabarão levando os árabes a investir seu farto dinheirinho em alguma outra cidade próxima, para manter nossas águas preservadas dos perversos capitalistas. Dubai, nem pensar! O Pobrismo advoga para nós um futuro muito mais interessante, talvez algo próximo do que existe em uma outra ilha: Cuba. Não a Cuba dos turistas, das belas praias e hotéis, e sim a Cuba das casas em ruínas e das pessoas que mal tem o que comer e que se arriscam em meio aos tubarões para tentar fugir do paraíso socialista. Pelo menos aqui poderemos fugir pelas pontes...
Abaixo, vista geral de uma marina em Dubai, atual meca mundial da arquitetura e urbanismo. Na outra foto, aspecto geral das ruas de Havana, capital de Cuba, com seus prédios históricos caindo aos pedaços.
Ora, Murilo
ResponderExcluirNão precisas te preocupar. Com a benção do nosso governador, os árabes já estão DEVASTANDO a Serra do Tabuleiro. Como viram que é fácil, manobrar este governo, vieram com tudo.Temos que nos preocupar, não é só com a favelização da cidade, mas, também com os "endinheirados" que estão vindo para cá e destruindo a natureza.
Murilo, lembrando que o sonhado Milagre Àrabe de Dubai voi escancarado. Era apenas uma miragem do deserto, construída com dinheiro dos outros que agora tomarão calote. Acredito que devemos ter cuidado pra nã sermos seduzidos por esses "mega-investimentos" que vão colocar aqui bilhões de dólares, pois no mais das vezes mostra-se apenas uma grande mentira pra ganhar subsídios e descontos do governo. O povo tem mesmo que desconfiar desse canto das sereias, pelo menos na minha opinião.
ResponderExcluirE tem mais, se não tomarmos cuidado, em poucos anos teremos uma ilha concretada, sem nenhum encanto antural e sem nenhum...turista! Conheces Praia Grande em SP? Aquilo é o inferno na terra, e temos que cuidar pra Floripa não fqiue assim.
Abraços do colega arquiteto.
ótimo texto.
ResponderExcluira burrice desse povo não tem cura, infelizmente!