Aécio Neves, presidente do PSDB, topou enfrentar prévias no partido para ter seu nome sacramentado como candidato de forma ainda mais legítima. Acho ótimo.
Serra enfim terá que decidir se aceita as prévias com grandes chances de ser perder, ou se prefere sair do partido antes e evitar colecionar mais uma derrota ao seu recente cartel. É bom frisar que o PPS já cogita oferecer seu espaço para Marina Silva, caso esta não consiga a aprovação da Rede a tempo de disputar as eleições do ano que vem. Ou seja, Serra que se apresse.
Aécio, por sua vez, ganhará maior visibilidade com a disputa. Terá seu nome em evidência nas manchetes e em caso de vitória, terá o partido inteiro ao seu lado. Dará um ar mais moderno e democrático ao partido que preside, e pode sair ganhando caso Serra se comprometa a apoiá-lo. Perdendo e permanecendo no PSDB, Serra poderia ser um excelente nome para disputar o senado por São Paulo, numa forte chapa com Alckmin para governador.
Aguardemos o desenrolar dos fatos.
Merval Pereira, no Globo:
Aécio aceita prévias
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, vai anunciar nos próximos dias, provavelmente amanhã em reunião com dirigentes tucanos, que aceita disputar prévias para a indicação formal do candidato à presidência da República do partido em 2014.
Aécio ressaltará em seu pronunciamento que sempre foi a favor de prévias, proposta que apresentou formalmente em 2009 ao PSDB, tendo sido rejeitada por José Serra, que acabou sendo o candidato à presidência.
Virtual escolhido pelo consenso partidário desta vez, Aécio vem sendo desafiado pelo ex-governador José Serra, que insinua a disposição de se candidatar mais uma vez à presidência em 2014, ao mesmo tempo em que deixa uma porta aberta para sair do PSDB até o início de outubro para ter condições de se candidatar por outro partido, provavelmente o PPS.
A declaração de Aécio terá a capacidade de criar um fato político importante dentro do PSDB, retirando de Serra um argumento forte para sua saída do partido, ao mesmo tempo em que torna o ambiente partidário mais distendido.
Essa é justamente a intenção de Aécio, que não quer dar razões a Serra de deixar a legenda que agora preside, e continua achando que sua presença é importante para a unidade partidária durante a campanha.
O anúncio seria também uma maneira de homenagear a história política de Serra dentro do PSDB, reconhecendo seu direito de pleitear a indicação, mesmo depois de já ter sido candidato duas vezes.
O ex-governador não tem ainda uma decisão tomada, e trabalha com vários cenários, entre eles o de que nas próximas pesquisas pode aparecer mais firmemente na frente de Aécio, melhorando sua posição relativa dentro dessa corrida interna.
Serra acha que sua presença na corrida presidencial ajudará a oposição e levará a disputa para o segundo turno, mas os tucanos acreditam que uma divisão tão explícita em São Paulo só prejudicará o PSDB, podendo favorecer outros candidatos oposicionistas, como a ex-senadora Marina Silva ou o governador de Pernambuco Eduardo Campos.
A realização de prévias teria a vantagem de colocar aos contendores um compromisso de apoio ao vencedor, o que consolidaria a unidade partidária em São Paulo, imprescindível para uma campanha com chances de vitória.
O senador Aécio Neves tem o controle do partido, costurado em muitas negociações internas, mas precisa ganhar São Paulo. Ele tem uma série de viagens já marcadas pelo estado, e teria uma reunião com deputados estaduais nos próximos dias, dentro desse espírito de solidificar a unidade partidária.
Mesmo que não tenha o controle de diretórios, a resistência de Serra à candidatura de Aécio cria embaraços que dificultam um desenvolvimento natural das negociações internas com vistas à campanha presidencial.
Tanto Aécio quanto Serra desconfiam das intenções um do outro. Aécio acha que esse discurso sobre as prévias, muito mais que um anseio legítimo de disputar a indicação do PSDB é a busca de um discurso para sair do partido.
Já Serra avalia que o senador Aécio Neves quer apenas obter o controle do PSDB e marcar posição nessa eleição de 2014, para melhorar sua exposição nacional e disputar a eleição de 2018 com chances.
Mesmo que apareça na frente de Aécio nas pesquisas de opinião, com índices por volta de 15%, Serra teve uma queda considerável quando comparado à posição que tinha na mesma época em 2009, quando aparecia como favorito com índices entre 35% e 40%.
Já Aécio mantém-se mais ou menos no mesmo patamar, por volta de 13%, mas com um índice de rejeição bem menor do que o de Serra, o que indicaria que tem mais espaço para crescer. Espera que isso aconteça depois da próxima campanha de propaganda pela televisão, em outubro.
A soma dos dois candidatos indicaria também que o PSDB continua tendo um índice de votação potencial por volta de 30% no primeiro turno, o que torna seu candidato competitivo em qualquer circunstância.
O que pode fazer a diferença desta vez é o fato de os pré-candidatos oposicionistas – Aécio, Marina e Eduardo Campos – estarem mais próximos entre si do que em outras campanhas, quando os derrotados no primeiro turno recusaram-se a aderir ao candidato do PSDB, retornando para o bloco de apoio a Lula ou optando pela neutralidade, como fez Marina em 2010, o que beneficiou a candidatura oficial de Dilma.
Nos acordos partidários, a candidatura de Aécio Neves abre ao PSDB melhores perspectivas em 2014. E tanto para Marina quanto para Campos, o apoio do PSDB caso um dos dois chegue ao segundo turno seria fundamental para derrotar Dilma.
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