domingo, 22 de setembro de 2013

Inflação alta força brasileiros a estocar produtos

Como na Guerra-Fria: Famílias brasileiras começam a estocar produtos para sobreviver à alta da inflação

Leiam na Folha:

Inflação elevada muda hábitos no supermercado

Com o bolso mais apertado e menos confiante na economia, o consumidor voltou a fazer compras do mês, a se deslocar mais para economizar e a buscar nas prateleiras dos supermercados mais baratos uma forma de se proteger da inflação.

Pesquisa da consultoria CVA Solutions com 6.985 consumidores de todo o país mostra um avanço dos supermercados mais populares e do atacarejo (que vende em quantidades maiores e a preços menores) na preferência dos clientes, em detrimento de benefícios como variedade de produtos e da qualidade no atendimento.

O estudo foi realizado em agosto, quando a inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA foi 6,07%. Na ocasião, os consumidores avaliaram 65 redes varejistas de todas as regiões do país.

Foram considerados três itens relacionados a custos (preço, promoções e facilidade de pagamento) e dez referentes a benefícios (inclui desde reputação da loja, atendimento, variedade e qualidade de produtos até tempo na fila, estacionamento e proximidade).

"Os supermercados mais bem avaliados focaram em preço, promoções e parcelamento. Atacadão e Assaí se destacaram porque a grande referência deles para o consumidor é o preço", diz Sandro Cimati, sócio da consultoria CVA Solutions, empresa de pesquisa de mercado.

Entre os supermercados, o Dia e o Walmart também tiveram desempenho favorável com estratégias de preço baixo, segundo a pesquisa.

Quatro em cada dez entrevistados têm renda familiar na faixa entre R$ 2.035 e R$ 6.780 mensais.

No estudo anterior, as redes regionais (de menor porte e alcance mais restrito a municípios ou bairros) conseguiram desbancar os gigantes do varejo ao se destacarem na preferência dos clientes na forma de atendimento, na qualidade do serviço oferecido e até mesmo no tempo gasto para se deslocar.

"Os benefícios ganharam mais destaque no passado. Agora, o peso do custo avançou. O comportamento é de quem quer proteger o poder de compra", disse Cimati.

Em 2011, os itens relacionados ao custo tinham 60% de peso na decisão de onde comprar, enquanto os benefícios respondiam pelos 40% restantes. Neste ano, o custo respondia por 63% da decisão, e os benefícios, 37%.

PEQUENOS LUXOS

Luciana Salazar, 40, dona de um comércio em São Caetano do Sul (ABC paulista), diz que prefere "dividir" as idas ao supermercado para equilibrar o orçamento.

"Bebidas, leite e produtos de limpeza prefiro comprar no atacado quando faço a compra do mês. Nas idas semanais aos supermercados, compro legumes, frutas e escolho também o que está em promoção", disse.

A falta de variedade nas prateleiras e a menor qualidade do atendimento do atacarejo são compensadas, segundo a comerciante, com os preços menores.

Compras pequenas e de última hora, como comida pronta, petiscos e frios são feitas nos supermercados da vizinhança.

Para manter o padrão de consumo e não abrir mão de seus "pequenos luxos", a professora Ana Maria Silva, 37, diz que prefere economizar comprando em supermercados "menos badalados".

"Fujo dos que estão dentro de shoppings e em bairros nobres. Mesmo que tenha de encarar uma fila um pouco maior, compensa economizar para manter outros luxos, como um chocolate importado ou um vinho de qualidade."

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